1- Como vieram a formar a banda Antichrist Hooligans e qual seu propósito?
Andrey – Bom, a banda era apenas uma idéia, de um projeto de barulho que queríamos fazer, um grindcore e tal. Enrolamos muito, pois nunca saía do “papel”, ficávamos apenas na idéia de fazer um som. A idéia surgiu em um churrasco na casa do Cristiano, apesar de ele ser vegetariano (risos). Até que a coisa foi ganhando força, fomos falando sempre de fazer um som, até que o Guilherme decidiu marcar um estúdio, mas não tinha horário vago. Então, o Cristiano falou com o Irineu, que trabalha com ele e tinha um estúdio novo, e marcou para o dia 15 de Julho de 2010. Aí pensei comigo no dia em que trocamos e-mail sobre o dia e horário: “fudeu... o bagulho é sério, não tem volta”(risos). Então, no dia 15 de Julho de 2010 estávamos reunidos no estúdio e, por e-mail, tínhamos trocado ideias sobre covers pra tocar, afinal tínhamos de iniciar tocando algo, mas aí surgiu, como sempre, da cabeça do Guilherme, um riff muito foda, feito na hora por ele, então saiu a primeira música, a Satanic Whore, e nesse dia trabalhamos em cima dessa música.
Cristiano – quanto ao propósito da banda, acho que não tem mistério: tocar um som old school em que possamos usar todas aquelas influências bem-vindas das bandas que admiramos, que vão desde Judas Priest até Sore Throat, passando por todas as podreiras que ouvimos e curtimos nesses mais de 20 anos de underground. Se pudermos nos divertir e expressar o que sentimos por meio da Antichrist, estamos no lucro!
2- Sabendo que alguns integrantes tocaram ou tocam em alguns projetos ou bandas, conte-nos quais são, seu ano e qual dos integrantes foram.
Andrey – Bom, eu comecei minha primeira banda em 1990, chamada Hard Face, junto com um amigo de escola. Na época eu tinha 12 anos, a banda continuou, mas eu saí em 1992 e fui tocar no Platonic Hate, banda de Crossover, que durou apenas 2 anos. Logo montei um projeto junto com o Marco Moriguti, que se chamava Anal Putrefaction, em 1993, tocávamos splatter. Cheguei a fazer um ensaio nessa época com uma antiga banda Punk de Florianópolis chamada Sobreviventes do Aborto (que existia desde 1988), mas a banda não seguiu; também ensaiei com o Marcha Fúnebre, outra banda antiga daqui de Florianópolis. Então, em 1995, se não me engano, fizemos um projeto de Splatter Noise, novamente com o Marco Moriguti e o Pablo, foi só um show, abrimos para o Black Thorn, banda de Black Metal, que depois mudaria o nome para Osculum Obscenum, e hoje o Diego, vocalista da Osculum, empresta sua voz satânica para o Antichrist Hooligans.
Guilherme – Apesar de curtir Metal desde os anos 80, comecei a minha primeira banda em 1997, Morbus Inferno. Fiquei na banda durante 6 anos, e nesse meio tempo tocava em outras bandas também (POWERSTEEL – Power Metal). Após a Morbus, toquei em algumas outras bandas MONSTER TRUCK (Thrash Metal), GARDENIA (HARD ROCK), BURN (HEAVY ROCK), THE FACE (THRASH METAL), MONTTANA (HARD HEAVY) até encontrar o pessoal das antigas e com muita garra e vontade, formamos a ANTICHRIST HOOLIGANS.
Cristiano – eu comecei a curtir metal por volta de 1986, 1987, e formei minha primeira banda em 1988, o Necrobutcher, na qual eu fazia os vocais. Ao mesmo tempo, criamos, eu e a turma do Necrobutcher, diversos projetos paralelos, como Psychopathic Narrow, Paresthesic Neurodeformities, Scrappy Screws Orchestra, The Saturday e Wireless Helot, todos seguindo alguma linha específica dentro do underground. Depois do Necrobutcher, começamos uma nova banda, chamada Subversive Reek Mute Perturbation (S.R.M.P.), que tinha uma pegada mais Grind/HC e com uma temática mais realista, bem punk, com a qual chegamos a gravar um split EP junto com Filthy Charity, pela Psychomania records. Isso tudo ocorreu entre 1988 e 1992. Depois disso, passei um bom tempo estudando, trabalhando e tocando esporadicamente com amigos em jams que duravam horas. Em 2007, já casado, comecei a tocar bateria num projeto com alguns amigos e minha esposa e, dessa nova empreitada, surgiu o desejo de novamente fazer uma sonzeira pesada e aí surgiram os “hooligans” na minha vida de novo, hehehe.
3- Vendo que a banda antichrist hooligans se autointitula 'nuclear metal punk' o que é ser 'metal' 'punk' para todos da banda?
Andrey – Pra mim é retornar as raízes do cenário underground, reviver bandas como Venom, Hellhammer, Bathory...
Cristiano – Acho que é bem isso mesmo que o Andrey falou: as raízes do nosso som estão no metal e no punk, pela sua agressividade e atitude. Preferimos usar o termo “metal punk” porque ele engloba tudo isso que sempre ouvimos e simplifica um pouco as coisas, já que são tantos gêneros e subgêneros que uma hora a gente acaba perdendo a essência das coisas.
4- Como funcionam as composições da banda?
Andrey – Muitas vezes, ou melhor, na maioria das vezes, é em estúdio. No próprio dia de ensaio, sempre aparece a criatividade. O Guilherme tem uma facilidade fudida de criar riffs, brincamos que a cada espirro saem 20 riffs da cabeça dele (risos). Mas todos levam idéias de composição, o Diego canta um riff e o Guilherme transforma na guitarra essa idéia, o Cristiano pega a guitarra e mostra um riff, ou seja, todos participam das composições e das mudanças, não há estrelismo de achar que as músicas são “imexíveis”.
Guilherme – O Andrey está sendo humilde aqui (risos). Ele também ajuda a compor, e bastante. Alguns riffs fudidos são obras do Andrey. Na verdade, como o Andrey citou acima, todos compõem, trazem idéias muito boas... e como sou o guitarrista, tenho que fazer alguma coisa (risos).
5- Antichrist Hooligans já está há quantos anos na cena metal? A formação e ideal é a mesma desde o início?
Andrey – Sim, somos os mesmos, ainda não tivemos tempo de enjoar um da cara do outro (risos), temos apenas um ano de banda. Mas do jeito que é, acho que ficaremos sempre juntos, pois vivemos como irmãos, uma família mesmo, união total, ou seja, casamento em comunhão universal de bens (risos).
Guilherme – Já comentei com a rapaziada da banda que, se algum dia, alguém sair, a banda acaba... porque a união é muito foda mesmo, estamos sempre nos ajudando, como família mesmo. O motivo é porque todos estamos juntos pelo mesmo ideal, fazendo o som que a gente mais curte.
6- Sobre algum lançamento, existe algum?
Cristiano – temos um lançamento em vista sim pra ocorrer provavelmente nos últimos meses do ano, pela Hammer of Damnation, nosso primeiro CD, mas ainda não temos maiores detalhes para contar. Assim que começarmos a gravar em estúdio, em setembro, as coisas estarão mais claras e poderemos divulgar mais intensamente.
7- Todos nós sabemos que existe uma rivalidade 'horrivel' (mas temos que respeitar) entre os headbangers (de todas as vertentes do heavy metal) e os punks, todos nós sabemos que em uma cena antiga existia uma união forte entre os bangers, punks, grinds enfim hoje isso não existe mais, o que a banda ou melhor os integrantes do antichrist hooligans pensam sobre esta atitude? poderá existir novamente esta união?!??
Andrey – Bom, aqui na grande Florianópolis está rolando novamente shows com bandas punks e metal, isso é legal. Ainda destaco em shows essa união, que foi muito forte na década de 80 até o ano de 95, que considero o rompimento dessa vivência. Mas acho que podemos e devemos nos unir, muitos do cenário metal não gostam, ou por birra ou desconhecimento, mas as bandas pesadas, Thrash, Death e Black tiveram muita influência punk na música, o Hardcore pra mim foi o que fez surgir o Thrash, com as batidas rápidas. Tenho um DVD em que o Wattie do Exploited está usando uma camisa do Metallica, do EP Jump In the Fire, isso é muito foda! Eu, quando moleque, andava com camisa do Morbid Angel, cabelo comprido e estava sempre com os punks aqui em Florianópolis, com o pessoal do Lixo Urbano, Sobreviventes do Aborto, Chute no Saco, participava até de protestos com eles.
Cristiano – infelizmente, algumas pessoas de mente fechada ainda perdem tempo com essa diferenciação, mas, particularmente, acho que somos todos filhos do underground, independentemente do estilo que fazemos, além de termos semelhanças musicais e culturais inegáveis, o que, por si só, já é um ótimo motivo para estarmos todos juntos. Aqui na nossa região isso está momentaneamente superado e todos se conhecem, se respeitam e fazem coisas juntos, bem ao estilo da cena oitentista.
8- Poderia fazer comentários sobre a cena catarinense e as bandas, fanzines, lojas que merecem reconhecimento?
Andrey – Paulão, putz, pergunta foda hein?! É igual a agradecimento, sempre esquecemos de citar alguém (risos). Mas ultimamente temos tocado bastante com a banda Sckhonbrus, uma puta banda que faz um Thrashcore old school, o pessoal é amigo das antigas da gente, tem a galera do Sengaya, grindcore muito foda, verdadeiros amigos, e também o Sin Rejas uma banda de Crust Core muito boa. A cena é boa, cada região tem seus guerreiros, batalhadores que lutam para manter a cena viva, aqui na grande Florianópolis o Fernando da banda Sin Rejas e o Ricardo da Sengaya, organizam bastante eventos underground. Admiro muito o pessoal que organiza eventos, ainda mais do underground que é foda lidar, todos sabem, não há apoio é na raça mesmo. Não posso deixar de citar o André Arruda, William e o Marzeu que organizaram um puta evento chamado Necrolust, que foi nosso show de debut....
Cristiano – tem mais outras bandas, como Grito Suburbano e Pogo Zero Zero, aqui na nossa região, e mais umas quantas espalhadas pelo Estado todo, em Lages, Itajaí, Jaraguá do Sul etc. Embora Santa Catarina não seja muito reconhecida nacionalmente em termos de underground, sempre tivemos uma cena rolando, que está novamente forte nos últimos anos. Quanto a lojas, acho que é legal mencionar a Roots, do nosso amigo Gota, um grande batalhador que mantém a loja funcionando há anos na cidade, apesar de todas as dificuldades.
9- Quais planos futuros da Antichrist Hooligans?
Andrey – Respondo por mim (risos), mas acho que é a idéia de todos, nossos planos são de nos manter tocando por gostarmos do que fazemos mesmo, não nos preocupamos em ter de fazer show direto pra cumprir agendas ou cobrar cachês. Todos da banda têm seus empregos e não queremos viver financeiramente da música, apenas queremos viver a música, o metal, o punk, em suma, o underground.
Cristiano – É isso aí: continuar tocando aquilo que sempre gostamos de ouvir, de preferência um som que faça a galera bater cabeça como nos velhos tempos, um metal cru e direto, mantendo sempre essa aura underground.
10- Quem teve a ideia e o porquê do nome Antichrist Hooligans?
Andrey – A idéia do nome foi do Cristiano, ele responderá melhor de onde surgiu a idéia, mas tivemos um nome antes, a banda se chamava The Blasphemers.
Cristiano – Assim como no primeiro nome que tivemos, The Blasphemers, a ideia básica foi sempre tentar aproximar o metal e o punk também na hora de nomear a banda. Assim, “Antichrist” é um termo bem ligado ao universo metálico, que demonstra uma posição de revolta contra o cristianismo, pilar da sociedade renegada pelo metal desde sempre. “Hooligan”, por sua vez, remete a uma espécie de revolta incontrolada, uma fúria em massa tipicamente urbana, punk, contra os valores dessa mesma sociedade ocidental. No fim, além do impacto que queríamos, o nome remete a uma visão apocalíptica do futuro, de certa forma, se imaginarmos um mundo em que vândalos anticristos tomarão as ruas com seu metal punk enfurecido, avançando sobre as ruínas de uma humanidade falida e frustrada, após o fracasso em sua busca cega por poder (risos).
11- O que a banda tem a dizer sobre comentários que todos ou todas as bandas sulistas são nazistas?
Cristiano – Bem, em primeiro lugar, essa é uma generalização e, como toda generalização, tende a ser limitada e superficial, até porque conheço várias bandas do Sul e nenhuma é nazista, o que já invalida a generalização acima, certo? Em segundo, particularmente, eu não sou nazista, embora seja do Sul, e não tenho nada a ver com qualquer filosofia autoritária que afirme qualquer tipo de superioridade de um determinado grupo sobre o outro, seja por questões de nacionalidade, etnia, orientação sexual, social ou religiosa. Pra mim, o underground é liberdade e não uma forma de exercer poder sobre quem quer que seja, e muito menos uma doutrina à qual se deve obediência cega.
12- Bom, agradeço muito a atenção da banda Antichrist Hooligans e aos integrantes Andrey, Cristiano e Guilherme. Deixem últimos comentários e novidades.
Andrey – Valeu Paulão, agradecemos o espaço para poder mostrar um pouco da banda pra galera do Underground, não importa o que aconteça, mantenham-se verdadeiros aos ideais underground...
Cristiano – Valeu pela oportunidade, Paulão! Agradecemos pelo espaço dado a uma banda que, apesar de ter pouco tempo, é formada por veteranos sedentos por metal e punk e que, de certa forma, continuam mostrando que o underground não é uma mera brincadeira de adolescentes desocupados, mas um estilo de vida muito real pra quem está nessa há tanto tempo. Obrigado mesmo! Quem quiser conhecer um pouco mais a banda pode visitar nossas páginas: Keep your mind sick!
Longa vida ao Antichrist Hooligans!
ResponderExcluirse depender da gente nunca vai acabar metal sempre.
ResponderExcluirHAIL Metal from hell Forever!
ResponderExcluirparabéns pela entrevista, ótima banda!
milagre fizeram comentarios....
ResponderExcluirolha estão saindo dos baús!!
valeu lucas mas voce ainda não viu nada ainda da minha capacidade.
ta grandão, bixo véio...KKK
ResponderExcluirPaulo,vc é uma grande figura Headbanger, um grande cara!
\../
obrigado lucas pelas palavras sinceras!!(estou emocionado)ahahahah............
ResponderExcluirmas valeu mesmo!! vamos botar o site para frente
HAIL!!!! Antichrist Hooligans!!!
ResponderExcluirMetal "zebú"?? que porra é essa!? hahahahaha!! zebú é raça de gado, boi!!!
eu apoio o white metal, red metal, yellow metal, black metal.. apenas não gosto de ouvir!!
Rock não pode ser separatista.. rock tem que ser união, independente dos sub-gêneros.
...por isso a cena em Floripa é tão ruim!!
Esse blog é segregador e nunca vai ter o retorno que deseja!!
Apesar disso... ficou da hora a entrevista!!
opinião vazia da porra!!
ResponderExcluirquem apoia tudo é quem menos faz algo pelo metal!
para mim toda cena é ruim e eu muito menos não faço por cena eu faço pelo heavy metal por que é algo unico e cena envolve pessoas sem ideais,sem postura que banaliza o metal em todo. no white, no yellow!!
obrigado por ter achado a entrevista legal. metal é metal...
Ta o nome foi escolhido com ajuda de 5 pessoas, Zebú é boi, e Wacken é vaca, e pq ninguém acha engraçado?
ResponderExcluir!!! No caso do blog tem 2 sentidos!
Eu Apoio o som q eu curto, e um som que tenha cultura, ideologia e filosofia. E não som plageado, ou imitação barata!
cada um tem sua própria opinião!
Só uma duvida, por que apoiar uma coisa que não se gosta?????????(como Kelson falou acima)
Kelson, agora farei uma breve prestação de contas meio por cima, para lhe esclarecer a expreção - "Esse blog é segregador e nunca vai ter o retorno que deseja!!"
Buenas Tchê, o blog ta entrando no setimo mes, e neste tempo conseguimos 101 seguidores ( muito raro para um blog amador sem fins lucrativos, pois existem blogs do gênero com 1,2,3 anos e nao tem nem 50 seguidores.
Nesse tempo de existência do blog tivemos e temos apoio de muitas pessoas, e também tivemos muitas parcerias, e isso ultrapassou minhas espectativas e está além do que eu esperava para o blog!
E vamos crescer cada vez mais, tenho certeza, pois ainda existem pessoas com opinião bem formada e com caráter dígno para nao deixar o meu amado Heavy Metal morrer, e andaremos sempre juntos.
Valeu pelo elogio da entrevista!
E METAL É METAL, opiniões a parte, tolice é tolice, criticar sem coinhecer também!